segunda-feira, 14 de março de 2016

Peça de Lope de Vega: “La dama boba”

"La dama boba"


"La dama boba" dirigido por José Estruch em 1960

Personagens (11 atores e 4 atrizes + músicos):
Liseo e seu criado Turín
Leandro, um estudante
Octavio e seu amigo Miseno
Nise e sua criada Celia
Finea e sua criada Clara
Laurencio e seu criado Pedro
Duardo e Feniso, amigos de Laurencio
O professor alfabetizador Rufino
Professor de dança de Finea
Músicos

O poder do amor

O texto de “La dama boba” foi terminado em 28 de abril de 1613. Lope de Vega (1562-1635), na ocasião, com cinquenta anos de idade, já desfrutava de estabilidade financeira e profissional. Casado com Juana Guardo há quatorze anos, há oito pelo menos, o autor era muito amigo da atriz Jerónima de Burgos (1580-1641). Casada com o diretor Pedro de Valdés, ela havia sido madrinha de batismo de Lope Félix (1607-1634), o Lopito, filho do dramaturgo com a amante Micaela de Luján (1570-1614), também atriz. Ao longo dos primeiros anos do século XVII, a companhia de Pedro de Valdés encenou várias peças de Lope. A amizade entre o casal de encenadores e o escritor terminou por volta de 1615. Cartas que sobreviveram ao tempo revelam a mágoa que Lope sentia de Jerónima, que o difamava. Há quem diga que o personagem Gerarda, de “La Dorotea” (1632), foi baseado nela.

A peça “La dama boba” recebeu, em 30 de outubro de 1613, autorização para ser encenada de Tomás Gracián Dantisco, secretário de línguas (e censor) de Felipe III. A Companhia de Pedro de Valdés fez apresentações entre 1614 e 1615. Jerónima de Burgos, primeira atriz da Companhia, interpretou o papel de Nise, que não é a protagonista, porque essa deveria ser representada por uma atriz cômica. Segundo estudos do hispanista Hugo Albert Rennert, a atriz María de los Ángeles teria sido Finea, a personagem-título, por esse motivo. Para o mesmo pesquisador, os galãs foram interpretados por Ortiz de Villazán (Liseo) e Benito de Castro (Laurêncio) e o gracioso Turín pelo ator Baltasar de Carvajal.

Trata-se de uma típica “comédia de capa e espada” dentro dos subgêneros definidos por Marcelino Menéndez y Pelayo. Hoje em dia, “La dama boba” gera reflexões sobre a mulher na sociedade barroca dentre temas como: o valor da educação formal, a crítica à poesia conceptista (Francisco de Quevedo) e culteranista (Luis de Góngora), a manutenção e a defesa da honra.

A ação dura por volta de oito semanas. “La dama boba” começa com o galã Liseo e seu criado Turín em Illescas, município de Toledo, a caminho de Madrid. Cavaleiro culto e rico, Liseo foi prometido por sua família à Finea, levando a ela e à sua irmã alguns presentes. As duas são filhas de Octavio, na casa de quem eles ficarão hospedados até o casamento. O conflito inicial se estabelece quando o estudante Leandro cruza o caminho dos dois viajantes. Ele conhece a família da pretendente de Liseo e conta ao noivo o que lhe espera.

Leandro:
Que entrambas lo son;
pues Nise bella es la palma;
Finea un roble, sin alma
y discurso de razón.
Nise es mujer tan discreta,
sabia, gallarda, entendida,
cuanto Finea encogida,
boba, indigna y imperfeta.
Y aun pienso que oí tratar
que la casaban...

Segundo Leandro, no entanto, não é só a inteligência que diferencia as duas irmãs, mas também o dote. Antes de morrer, Fábio, irmão de Octavio, deixou a Finea uma herança de quarenta mil ducados, trinta a mais do que é o dote de Nise. No diálogo entre Octavio e Miseno, que sucede as cenas iniciais, isso fica ainda mais claro. A posição do pai é a de que não só pelo dinheiro será mais fácil casar Finea, mas porque as mulheres menos inteligentes são melhores esposas. Nas palavras de Octavio, fica claro seu pensamento sobre o assunto:

Si me casara agora (y no te espante
esta opinión, que alguno lo autoriza)--,
de dos extremos: boba o bachillera,
de la boba elección, sin duda, hiciera.
(...)
Eso es engano;
que yo no trato aquí de las discretas;
solo a las bachilleras desengaño.
De una casada son partes perfetas
virtud y honestidad. 
(...)
Está la discreción de una casada
en amar y servir a su marido;
en vivir recogida y recatada,
honesta en el hablar y en el vestido;
en ser de la familia respetada,
en retirar la vista y el oído,
en enseñar los hijos, cuidadosa;
preciada más de limpia que de hermosa.
¿Para qué quiero yo que, bachillera,
la que es propia mujer concetos diga?
Esto de Nise por casar me altera;
lo más, como lo menos, me fatiga;
Resuélvome en dos cosas que quisiera;
pues la virtud es bien que el medio siga
que Finea supiera más que sabe,
y Nise menos.

Na cena seguinte, surge Nise e sua criada Celia, que traz à ama o romance “História Etíope”, de Heliodoro (romancista grego que viveu entre os séculos III e IV). Exibindo sua Inteligência, Nise dá à criada aulas de literatura após essa ter confessado que se entedia ao ler prosas no lugar de poesias.

Nise:
Hay dos prosas diferentes
poética y historial
La historial, lisa y leal
cuenta verdades patentes
con frase y términos claros
la poética es hermosa
varia, culta, licenciosa
y escura aun a ingenios raros
Tiene mil exornacione
y retóricas figuras.

Como contraste, entram em cena Finea e seu professor Rufino. Em uma das cenas mais cômicas de “La dama boba”, ele tenta ensinar a aluna a ler, mas não consegue.

Finea:
¡Qué galanes
van todos estos detrás!

Rufino:
Estas son letras también.

Finea:
¿Tantas hay?

Rufino:
Veintitrés son.

Finea:
Ah[o]ra vaya de lición
que yo lo diré muy bien.

Rufino:
¿Qué es esta?

Finea:
¿Aquesta?... No sé.

Rufino:
¿Y esta?

Finea:
No sé qué responda.

Rufino:
¿Y esta?

Finea:
¿Cuál? ¿Esta redonda?
¡Letra!

Rufino:
¡Bien!

Finea:
Luego, ¿acerté?

Rufino:
¡Linda bestia!

A cena acaba com Finea apanhando do professor que vai embora enfurecido pela burrice da aluna. Nise consola a irmã, mas lhe diz que o professor tem licença para castigar a fim de fazer com que ela aprenda.

Clara, a criada de Finea, entra dando início a outro trecho destacável de “La dama boba”. Encantada, Clara narra a sua patroa (e amiga) o parto da gata La Romana, esposa do gato Hociquimocho, saudada pelos vizinhos felinos da bichana honrada. O diálogo entre as duas foi desenvolvido por Lope vinte anos depois, em 1634, quando o autor escreveu, sob o pseudônimo de Tomé de Burguillos, o poema “La Gatomaquia”.

Clara:
Escucha un momento:
Salía, por donde suele,
el Sol, muy galán y rico,
con la librea del rey
colorado y amarillo
andaban los carretone
quitándole el romadiz
que da la noche a Madrid;
aunque no sé quién me dij
que era la calle Mayo
el soldado más antiguo,
pues nunca el mayor de Flande
presentó tantos servicios;
pregonaban aguardente,
agua biznieta del vino,
los hombres Carnestolendas,
todos naranjas y gritos;
Dormían las rentas grandes,
despertaban los ofícios,
tocaban los boticários
sus almireces a pino,
cuando la gata de casa
comenzó, con mil suspiros,
a decir: «¡Ay, ay, ay, ay!
¡Que quiero parir, marido!
Levantóse Hociquimocho,
y fue corriendo a decirlo
a sus parientes y deudos;
que deben de ser moriscos,
porque el lenguaje que hablaban,
en tiple de monacillo,
si no es jerigonza entre ellos,
no es español, ni latino.
Vino una gata vïuda,
con blanco y negro vestid
-sospecho que era su aqüela--
gorda y compuesta de hocico;
y, si lo que arrastra, honra,
como dicen los antigos,
tan honrada es por la cola
como otros por sus ofícios.
Trújole cierta manteca,
desayunóse y previn
en qué recebir el parto.
Hubo temerarios gritos
no es burla; parió seis gatos
tan remendados y lindos,
que pudieran, a ser pías,
llevar el coche más rico
Regocijados bajaro
de los tejados vecinos
caballetes y terrados
todos los deudos y amigos:
Lamicola, Arañizaldo,
Marfuz, Marramao, Micilo,
Tumba[h]ollín, Mico, Miturrio.
Rabicorto, Zapaquildo
unos vestidos de pardo
otros de blanco vestidos,
y otros con forros de martas,
en cueras y capotillos.
De negro vino a la fiesta
el gallardo Golosino;
luto que mostraba entonce
de su padre el gaticidio.
Cuál la morcilla presenta,
cuál el pez, cuál el cabrito,
cuál el gorrïón astuto
cuál el simple Palomino.
Trazando quedan agora
para mejor regocijo
en el gatesco senado
correr gansos cinco a cinco.
Ven presto, que si los oyes,
dirás que parecen niños,
y darás a la parid
el parabién de los hijos.

Então, as duas saem correndo para ver a nova mamãe e seus filhotes agora descansando em um vão da casa. Em seus lugares, entram o poeta Duardo e os cavaleiros Feniso e Laurencio. Eles dizem que Nise foi eleita como juíza de um novo soneto que Duardo escreveu. Trata-se de uma crítica de Lope à poesia conceptista/culteranista: um poema difícil, árduo, sem sentido, que Nise não entende e não gosta. Constrangido, Duardo, que se compara a Platão, tenta explicá-lo, mas não se sai bem.

À parte, Nise diz a Laurencio que lhe dar um bilhete (o código da honra impede que ela o faça na frente de Duardo e de Feniso). Então, ele sugere que ela finja um desmaio. Ela o faz e, ao ajudá-la, pega de suas mãos discretamente a missiva. Quando Nise e Celia saem, Duardo e Feniso deixam Laurencio só, mas sem antes deixar claro que suspeitam que há algo entre Nise e seu amigo. Lope, que acabara de colocar na boca de Duardo um poema mal escrito, agora exibe talento através de Laurencio.

Laurencio:
Hermoso sois, sin duda, pensamento;
y, aunque honesto también, con ser hermoso,
si es calidad del bien ser provechoso,
una parte de tres que os falta siento.

Nise, con un divino entendimento,
os enriquece de un amor dichoso;
mas sois de dueño pobre, y es forzoso
que en la necesidad falte el contento.

Si el oro es blanco y centro del descanso,
y el descanso del gusto, yo os prometo
que tarda el navegar con viento manso.

Pensamiento, mudemos de sujeto;
si voy necio tras vos, y en ir me canso,
cuando vengáis tras mí, seréis discreto.

Quando entra Pedro (lacaio e amigo), Laurencio diz que há dúvida em seu coração entre Nise e sua irmã Finea sobretudo levando em consideração a diferença de dote que há entre elas. Exatamente como fez Turín a Liseo, Pedro não vê como possível um casamento com a boba Finea apesar do dinheiro envolvido na suposta união. De modo interessante, a ética divide criados e seus amos mesmo no teatro aparentemente conservador de Lope de Vega.

Na cena seguinte, entram Finea e Clara depois do encontro com os filhos recém nascidos de La Romana. Laurencio se aproxima de Finea e se diz apaixonado por ela e Lope repete um diálogo já visto em “Adonis y Venus”.

Finea:
¿Qué es amor?

Laurencio:
¿Amor? Deseo.

Finea:
¿De qué?

Laurencio:
De una cosa hermosa.

Assim como já se analisou em “¡Ay, verdades, que en amor...!”, senhor fala com senhora e criado com criada, mas Laurencio se espanta com a ignorância de Finea ao longo do diálogo, saindo de cena. Finea mostra para Clara um retrato de Liseo, seu noivo, no qual aparecem as pernas. Por causa disso, em mais um exemplo da burrice da protagonista, ela acredita que ele não poderá andar.

Entram Octavio e Nise e depois Liseo, Turín e outros criados. Vendo que ele é um homem completo, diferente do retrato, Finea abraça Liseo para espanto de todos que esperavam dela maior recato. Liseo conhece Nise e se apaixona por ela desde quando a vê. Octavio e as filhas se recolhem e Finea, mais uma vez, quebra o decoro, oferecendo sua cama para o descanso do noivo, o que pai rechaça obviamente porque eles ainda não são casados. Nesse momento, é como se o protagonismo de “La dama boba” recaísse sobre Liseo, cujo destino parece ser aterrador. O primeiro ato termina com ele percebendo que não poderá se casar com a boba.

Liseo:
Pues, ¿he de dejar la vida
por la muerte temerosa,
y por la noche enlutada
el sol que los cielos dora;
por los áspides las aves.
por las espinas las rosas
y por un demonio un ángel?
(...)
Desde aqui
renuncio la dama boba.

O segundo ato começa algum tempo depois em que Nise esteve adoentada sem receber qualquer sinal de Laurencio por quem ela julgava ser amada. Laurencio, por sua vez, segue tocado por Finea, mas com medo de sua ignorância célebre. Então, em uma conversa com seus amigos Feniso e Duardo, surge a tese que move toda a narrativa de “La dama boba”. 

Laurencio:
Amor dio lengua a las aves,
vistió la tierra de frutos,
y, como prados enjutos
rompió el mar con fuertes naves.
Amor enseñó a escribir
altos y dulces concetos,
como de su causa efetos,
Amor enseñó a vestir
al más rudo, al más grosero
de la elegancia fue Amor
el maestro; el inventor
fue de los versos primero;
la música se le debe
y la pintura. Pues, ¿quién
dejará de saber bien
como sus efetos pruebe?
No dudo de que a Finea,
como ella comience a amar,
la deje amor de enseñar,
por imposible que sea.

Ou seja, o amor pode tornar Finea uma mulher inteligente.

Nise e sua criada Celia surgem e, quando Feniso e Duardo se vão, ela cobra suas ausências. Ela percebe que está sendo preterida pela irmã e se enfurece, doente de amor. Liseo entra e vê o final da discussão entre eles e convoca Laurencio para um duelo.

Na cena seguinte, Finea está passando por novas dificuldades em aprender, mas agora com um professor de dança. Clara entra com o que sobrou do fogo de um bilhete a ela enviado por Laurencio. Sem saber ler, ela percebe pela primeira vez a importância da leitura. É seu pai que a ajuda a descobrir o que está escrito no papel. Temendo por sua honra, Octavio se preocupa ao saber que Finea também já abraçou Laurencio.

Finea:
Ayer, en la escalera, al primer paso,
me dio un abrazo.

Octavio (à parte):
¡En buenos pasos and
mi pobre honor, por una y otra banda!
La discreta, con necios en concetos,
y la boba, en amores con discretos.
A esta no hay llevarla por castigo,
y más que lo podrá entender su esposo).
Hija, sabed que estoy muy enojado.
No os dejéis abrazar. ¿Entendéis, hija?

Finea:
Sí, señor padre; y cierto que me pesa
aunque me pareció muy bien entonces.

Octavio:
Solo vuestro marido ha de ser digno
de esos abrazos.

Turín entra, contando sobre o duelo. Ele Octavio saem. O diálogo entre Finea e Clara deixa ver que o amor já fez modificações na boba.

Clara:
Parece que transformas
en outra.

Na seguinte, Liseo e Laurencio estão com espadas em punho e o segundo reclama das barreiras que ele encontra no seu amor por Finea. Então, Liseo confessa seu amor Nise e os dois fazem um acordo. Quando Octavio e Turín chegam, os dois cavaleiros estão conversando amigavelmente.

Em casa, Nise e Finea brigam por Laurencio. A primeira também nota que a irmã está mudada. A segunda abre mão de Laurencio em favor da irmã.

Nise:
Finea,
Déjame a Laurencio a mí
Marido tienes.

Finea:
Yo creo
que no riñamos las dos.

Nise:
Quédate com Dios.

Finea:
Adiós.

Quando Nise sai, Laurencio entra. A situação dele e de Finea é complicada, pois ele não pode, pelo código da honra, recusar Nise. Finea narra o diálogo que teve com a irmã e pede o abraço que ela lhe havia dado de volta. Os dois tornam a se abraçar e Nise volta, vendo os dois. Ela chama Laurencio para uma conversa particular.

Octavio entra e Finea conta que Laurencio lhe devolveu o abraço, deixando o pai ainda mais preocupado. Octavio sai em busca de Nise e Laurencio reaparece, dizendo que não foi ter com Nise em particular. Finea diz que é preciso desenamorar-se e Laurencio diz que só conhece um meio disso: cansando-se. Aqui há outro dos temas de “La dama boba”: o descompasso entre o amor e o casamento. Quando entram Pedro, Duardo e Feniso, Finea promete diante deles que irá se casar com Laurencio a fim de deixar de amá-lo.

Sozinho com as filhas, Octávio diz que é preciso casá-las logo e sai em busca de um escrivão, determinando que Laurencio não mais entre em sua casa.

Liseo aparece e confessa a Nise seu amor, mas ela o rechaça. Laurencio volta e promete ajudar Liseo a conquistar Nise. Assim termina o segundo ato.

Quando o terceiro ato começa, Finea é praticamente outra mulher. Em um solilóquio inicial, há o desenvolvimento de um raciocínio complexo em que ele expressa o que o amor fez com ela: ela se tornou inteligente. Clara diz que ouviu seu pai e o amigo dele conversarem sobre essa transformação: Finea já escreve e dança, é como se vivesse com outra alma no mesmo corpo. Mas eles atribuem esse amor a Liseo. Finea diz que o de Laurencio. “Gran fueza tiene el Amor, catedrático divino!”

Na conversa entre Octavio e Miseno, o pai fala sobre a transformação filha citando vários autores antigos e contemporâneos (século XVII), incluindo Lope de Vega. É Lope citando a si próprio.

Octavio:
Ayer sus librillos vi,
papeles y escritos vários;
pensé que devocionários,
y desta suerte leí:
Historia de dos amantes,
sacada de lengua griega;
Rimas, de Lope de Vega;
Galatea, de Cervantes;
el Camões de Lisboa,
Los pastores de Belén,
Comedias de don Guillé
de Castro, Liras de Ochoa;
Canción que Luis Vélez dijo
en la academia del duque
de Pastrana; Obras de Luque;
Cartas de don Juan de Arguijo;
Cien sonetos de Liñán,
Obras de Herrera el divino,
el libro del Peregrino,
y El pícaro, de Alemán.
Mas, ¿qué os canso? Por mi vida,
que se los quise quemar.

Nas cenas seguintes, há o contínuo rechaço de Nise a Liseo. E um pequeno baile em que as duas irmãs dançam enquanto os músicos cantam uma canção sobre as coisas que vêm do Panamá. Ao final, Octavio chama as filhas para comunicar-lhes que Nise se casará com Liseo e Finea com Duardo. A sós com seu lacaio Turín, Liseo diz que não quer se casar com Nise à força e que vai se vingar dela pelo modo como foi tratado, pedindo a Octavio novamente a mão de Finea. Turín, por sua vez, afirma que também está interessado em Celia, criada de Nise.

É Laurencio que conta para Finea que Liseo foi pedir a sua mão em retaliação pelo modo como foi tratado por sua irmã. E pede a ela que volte a parecer boba para que se encontre uma saída. Finea concorda, dizendo que as mulheres são boas em fingir porque fingem desde antes de nascer.

Laurencio:
¿Antes de nacer

Finea:
Yo pienso
que en tu vida lo has oído.
Escucha.

Laurencio:
Ya escucho atento.

Finea:
Cuando estamos en el vientre
de nuestras madres, hacemos
entender a nuestros padres,
para engañar sus deseos,
que somos hijos varones;
y así verás que, contentos,
acuden a sus antojos
con amores, con requiebros,
y esperando el mayorazgo,
tras tantos regalos hechos,
sale una hembra que corta
la esperanza del suceso.
Según esto, si pensaron
que era varón, y hembra vieron,
antes de nacer fingimos.

Laurencio e Pedro se escondem quando Liseo e Turín reaparecem. Quando Liseo diz que Octavio casou Nise com Duardo, Finea responde que não acredita porque sua irmã havia contado a ela que já estava casada em segredo com Liseo. Ele se espanta, intrigado. Se fazendo de boba, ela foge das investidas e Liseo no tocante ao assunto casamento. Liseo, lembrando da ignorância dela, desiste novo.

Liseo:
¡Ay, Turín! Vuélvome a Nise.
Más quiero el entendimento
que toda la voluntad.
Señora, pues mi deseo,
que era de daros mi alma,
no pudo tener efeto,
quedad con Dios.

A partir dessa cena, em várias cenas, Finea se mostra inteligente e boba de acordo com a situação. Octavio entra ao lado de Duardo e de Feniso e Laurencio se esconde com Pedro em um vão. O pai pede a Finea que ela não permaneça com homens antes de se casar. E, ela fingindo-se de boba, foge quando se aproxima Liseo mesmo que Octavio diga que, por se tratar de seu noivo, com ele, ela pode ficar. Assim, Finea e Clara vão para o vão onde estão Laurencio e Pedro. Ao entrar com Turín, Liseo pede a mão de Nise e Octavio diz que já a prometeu para Duardo.

Antes de entrar no desvio (Lope não iria atentar contra a honra), Finea e Clara estão preocupadas com suas honras.

Clara:
¡En el desván, una dama
que, creyendo a quien la inquieta,
por una hora de discreta,
pierde mil años de fama!

Octavio, com Miseno, Duardo e Feniso, chega antes das duas entrarem, mas ao falar em “homem”, Finea foge junto de sua criada, fingindo-se de boba. Ao lado de Turín, Liseo entra se despedindo de Nise. Celia aparece carregando mantimentos. É ela quem diz a todos que Finea está no vão. Octavio sai para investigar, preocupado por sua honra.

Saem do vão, empunhando espadas, Octavio e Laurencio, com Finea, Clara e Pedro atrás. Laurencio conta para Octavio que se casou com Finea tendo como testemunhas Duardo e Feniso. Eles concordam. Octavio aceita que Nise e Liseo se casem também. Pedro se casa com Clara, Turín com Célia. E todos ficam felizes.

*

Fonte de pesquisa:
DE SALVO, Mimma. Notas sobre Lope de Vega y Jerónima de Burgos: un estado de la cuestión. In: http://www.midesa.it/peninsulas/De%20Salvo%20Notas%20sobre%20Lope%20de%20Vega.htm Acesso em 14 mar. 2016-03-13

DE SALVO, Mimma. Sobre el reparto de “La dama boba” de Lope de Vega. In: http://www.midesa.it/peninsulas/De%20Salvo%20La%20dama%20boba.htm Acesso em 13 mar. 2016-03-13

GADEA, Alejandro; DE SALVO, Mimma. Jerónima de Burgos y Pedro de Valdés: biografía de un matrimônio de representantes en la España del Seiscientos. In: http://www.midesa.it/peninsulas/Gadea%20De%20Salvo.htm Acesso em 12 de mar. 2016

MENÉNDEZ U PELAYO, Marcelino. Estudio sobre el teatro de Lope de Vega. Santander: Aldus, 1949.

ZAMORA VICENTE, Alonso. Para el entendimento de “La dama boba”. In: http://www.cervantesvirtual.com/obra-visor/para-el-entendimiento-de-la-dama-boba-0/html/ff6de1aa-82b1-11df-acc7-002185ce6064_4.html Acesso em 13 mar. 2016

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